Lembranças...
Claude: Desculpe, eu sou um desastrado, você é nova por aqui né?
Rosa muito tímida, não estava acreditando que aquele homem lindo
estava dirigindo a palavra a ela, pois já tinha se acostumado com a indiferença
dos homens que frequentavam aquela faculdade, ela sabia perfeitamente que não
se enquadrava nos padrões de mulheres que Claude e seus amigos costumavam
conversar, se achava feia, usava óculos com as hastes pretas escondia seus
cabelos num coque no alto da cabeça, pois assim achava mais prático, suas
roupas longas e largas escondiam suas curvas que o velho Giovanni, não a
deixaria mostrar a ninguém...
Claude: Você está bem?
Rosa: Estou sim, obrigada!! Falou pegando das mãos dele, os
livros que ele ajudou a catar do chão. Rosa ia saindo quando ele falou...
Claude: Como é seu nome?
Rosa parou com o coração acelerado, virou pra ele e disse...
Rosa: Serafina... Serafina Rosa, mas pode me chamar de Serafina,
é assim que os professores me conhecem aqui.
Claude: Eu tô me formando em três meses e você?
Rosa: Ainda falta muito, é meu primeiro ano aqui... Falou
caminhando, mas Claude estava determinado a não parar por ali, foi caminhando
ao lado dela pelos corredores.
Todos da faculdade inclusive seus amigos cochichavam ao ver os
dois caminhando juntos, Rosa era muito tímida e tinha poucas amizades ali...
A partir dali ele começou seu plano de seduzi-la, mandando
flores, bombons, bilhetinhos, cartinhas declarando o que sentia com ela,
minando com toda a resistência dela...
Três meses de namorico, encontros depois das aulas, passeios
pelo parque do Ibirapuera, fez com que Rosa se sentisse segura ao lado dele...
Mas ele era lobo em pele de cordeiro e ela uma ingênua que se
deixou levar pelos encantos daquele belo homem...
Depois de ter uma noite linda de amor com ela no hotel onde fora
realizada a festa de formatura dele, Claude sumiu sem deixar rastro, fazendo
Rosa se desesperar, em três meses ela conheceu o céu ao lado dele, mas acabou
indo pro inferno com a desilusão e a decepção de ter sido enganada e a
frustração de ter sido abandonada.
De
volta ao presente, Rosa ouviu de longe a voz de sua amiga que já entrava em
pânico...
Janete:
Rosa, por favor, fala comigo... Falou sacudindo a amiga pra ver se ela
apresentava alguma reação.
Claude
ficou preocupado em ver Rosa tão pálida e disse...
Claude:
Ela tá muito pálida, melhor fazê-la sentar aqui... Falou tentando encostar
nela.
Rosa
chegou a sentir os dedos quentes de Claude em seu braço, o que fez com que ela
acordasse daquele transe...
Rosa:
Não toca em mim... Gritou ela.
Claude
se assustou e disse...
Claude:
Desculpa!! Tentando acalmá-la.
Aquela
palavra que saiu dos lábios dele, fora um gesto inocente, pois Claude não havia
se lembrado dela, ela estava diferente, mudou, estava segura de si, se
transformara numa linda mulher após sua gestação, mas pra Rosa aquela palavra
saiu como se fosse uma ironia, um pedido de desculpas por tê-la abandonado a
mais de dez anos...
Rosa: Seu verme... Disse com os olhos
vermelhos de ódio, Rosa saiu do restaurante correndo.
Claude:
Mon Die, mas o que deu nela? Perguntou perplexo.
Janete:
Não sei, ela não costuma falar assim com ninguém... Falou assustada.
Frazão:
Melhor ir atrás dela, ela não tá bem.
Janete
saiu a procura dela e Claude ficou ali parado sem saber o que dizer...
Frazão:
O que será que aconteceu hein? Claude você já a conhecia?
Claude:
Non!! Non que eu me lembre ham.
Frazão:
Ah com certeza você não esqueceria um rosto tão bonito como o dela.
Claude
ficou tentando lembrar se conhecera ela em algum lugar, mas não lembrou...
Janete
voltou para o restaurante, pois Rosa havia evaporado..
Janete:
Não achei, acho que aconteceu alguma coisa com o filho dela, ele anda meio
rebelde.
Claude:
Bem eu não quero atrapalhar vocês, eu vou indo.
Frazão
e Janete pediram pra ele ficar, mas não tinha mais clima pra ele Claude saiu
dali e foi direto para casa, mas não deixou de pensar naquela mulher nenhum
minuto sequer...
Enquanto
isso Rosa chega em casa...
Maria:
Chegou cedo.
Rosa
não disse nada passou por Maria sem ao menos falar boa noite, estava tão
perdida nas suas lembranças que nem percebeu a presença de Maria.
Refugiada
em seu quarto ela se permitiu chorar, chorou bastante deitada na cama toda
encolhida sentindo um enorme vazio.
Rosa:
Canalha, você não vai conseguir me desestruturar não... Se sentiu tão pequena
perto dele, tão fraca e frágil, que sentia raiva de si própria. Acabou dormindo
sem nem ao menos trocar de roupa.
No dia
seguinte.
Janete:
O que aconteceu com você amiga? Eu nunca vi você tratar alguém daquela forma,
fala Rosa eu to desesperada aqui.
Rosa:
Não foi nada, Jane, eu tive um dia cheio ontem, estava estressada.
Janete:
O Claude ficou tão assustado achando que tinha feito algo...
**E
fez... Só que ele é tão canalha que nem lembra.** Pensou Rosa amargurada.
Rosa:
Eu sabia que não ia dar certo, mas você é uma teimosa, nunca mais tente
empurrar ninguém pra mim, por favor.
Janete:
Desculpa, não sabia que você tinha ficado tão chateada assim comigo.
Rosa:
Ai amiga desculpa, eu não tô bem esses dias, são muitas coisas na minha cabeça,
muita pressão, sabe?
Janete:
Entendo, vamos esquecer esse assunto, mesmo porque depois de ontem acho que
esse francês não vai nem querer olhar na nossa cara né? Falou rindo.
Rosa:
Assim espero...
As
duas estavam trabalhando, quando Frazão e Claude entraram na construtora pra
conversar com Coutinho a respeito da oferta que Claude tinha feito a ele.
Claude:
Mon Die, Frazon, se eu comprar essa construtora vou ter que trabalhar ao lado
dela? Perguntou quando avistou Rosa numa mesa no meio de tantos outros
funcionários.
Frazão:
É Claude, ela é engenheira daqui.
Claude:
Você não falou nada pra Janete, sobre a minha oferta né?
Frazão:
Não claro que não, será sigilo, ate Coutinho der a resposta...
Claude:
Bom, assim pelo menos ela não vai mudar o tratamento dela comigo só por saber
que eu possivelmente serei o chefe dela.
Frazão:
Você gosta de coisas difíceis mesmo né, só foi a mulher te esnobar pra você
ficar aí todo interessado.
Claude:
Me interessei mesmo, ela é bonita, mas parece uma fera... Falou sorrindo.
Frazão:
Vamos até lá.
Claude
e Frazão se aproximaram, Rosa estava tão concentrada em sua mesa desenvolvendo
um projeto que nem deu atenção a Claude que parou ao lado dela.
Claude:
Você está melhor?
Rosa
levantou a cabeça lentamente, ela usava uns óculos modernos, quando estava
fazendo algum projeto, nada parecido com
aqueles de dez anos atrás, mas aquele gesto com a cabeça que ela fez,
Claude teve a impressão de já ter visto, tentou se lembrar mas não conseguiu.
Claude:
A gente já se conhece de algum lugar não é?
Rosa
ficou seria e disse...
Rosa:
Não... Falou seca.
Claude:
Eu tive a impressão... Rosa o interrompeu bruscamente.
Rosa:
Impressão errada, com licença... Falou pegando aquele monte de projetos, mas os
deixou cair porque eram muitos.
Claude
abaixou para ajudá-la e teve outro flash na memória o deixando confuso.
Rosa:
Não precisa me ajudar... Falou pegando das mãos dele e saiu rápido dali antes
que ela perdesse a cabeça e falasse tudo o que estava engasgado em sua garganta
a anos.
Claude:
Mas essa mulher parece um furacon!!
Janete
ainda gritou...
Janete:
Amiga, ainda temos uma reunião com o Dr. Coutinho hoje...
Rosa:
Depois eu volto... Falou já dentro do elevador.
Claude:
É parece que ela não foi com a minha cara mesmo... Disse ele pra Janete, que
fez uma cara meio sem graça.
Rosa
foi pra casa...
Rosa:
Oi Maria.
Maria:
Oi D. Rosa, chegou mais cedo hoje?
Rosa:
Não, só vim terminar esse projeto aqui, porque lá no escritório é muita
bagunça, você já levou o Matheus na aula de futebol no clube? Rosa insistiu tanto
pra ele fazer as tais aulas que ele acabou concordando.
Maria:
Já sim senhora, mas ele não deixou eu entrar com ele, falou que não queria
pagar mico, sei lá o que isso quer dizer...
Falou rindo.
Rosa
riu e disse...
Rosa:
Ele faz a mesma coisa comigo quando eu o levo pra escola de manhã.
Enquanto
isso...
Matheus
não permitiu que Maria entrasse no clube, não porque ele passaria mico, mas sim
porque ele já tinha decidido que não participaria de aulas nenhuma, assim que
Maria se afastou ele pegou outro caminho, caminho esse que dava para o parque
do Ibirapuera.
Matheus
adorava aquele lugar assim como sua mãe, tirou sua bola da mochila e começou a
chutar devagar por entre as arvores, brincando tão solitário, no meio de tanta
gente.
Depois
da conversa com Coutinho Frazão ainda ficou conversando com Janete, Claude foi
embora sem que ele visse e foi obrigado a pegar um táxi.
Claude:
Pode parar aí... Pediu ele quando passaram perto do parque Ibirapuera.
Taxista:
O senhor falou que queria ir... O taxista foi interrompido por ele.
Claude:
Mudei de ideia, faz mais de dez anos que não venho aqui, quero passear um
pouco... Falou pagando o taxista e foi caminhando até chegar ao parque.
Depois
de um certo tempo e de caminhar bastante, Claude sentou num banco e ficou
olhando as crianças brincarem, os casais namorarem, alguns pais sentados na
grama aproveitando momentos único com os filhos.
Claude
sentiu um aperto no peito, queria tanto ser pai, queria fazer esse tipo de
programa com sua família...
Depois
ele olhou pro lado e viu um menino jogando bola sozinho, tentando fazer uma
embaixadinhas chamou atenção do francês, todas as crianças ali estavam
acompanhados dos pais ou então brincando com outras crianças num grupo
qualquer, mas aquele menino não ele parecia nem perceber o mundo em volta,
Claude levantou, foi até ele e disse...
Claude:
Oi...
Matheus
que até então estava concentrado em conseguir fazer as embaixadinhas, olhou pra
ele e disse...
Matheus...
Matheus:
Oi... Mas falou meio receoso, pois estava sozinho e sua mãe sempre o ensinara
que não devia falar com estranhos.
Claude:
Você está sozinho?
Matheus
tratou logo de dizer...
Matheus:
Não!!
Claude:
Onde estão seus pais? Perguntou preocupado.
Matheus
ficou nervoso e com medo, mas olhou rápido ao seu redor e o que não faltava era
casais namorando, tratou logo de indicar qualquer um...
Matheus:
São aqueles.. Falou o menino apontando um casal que se beijava debaixo de uma
arvore... Eles estão ocupados.. Falou sorrindo.
Claude
sentiu pena daquele moleque, viu que ele brincava sozinho e pensou... ** Que
tipo de pai vem pra um parque com o filho e não brinca com ele**... Pensou
olhando o casal que não se desgrudavam
Claude:
Qual é seu nome?
Matheus:
Matheus e o seu?
Claude:
Claude.
Matheus:
Claude? Eu nunca ouvi esse nome.
Claude
riu e disse...
Claude:
É de origem francesa, eu sou francês, vim morar no Brasil mais ou menos com a
sua idade, quantos anos você tem?
Matheus:
Dez, que legal você fala francês?
Claude:
Falo sim.
Matheus:
Minha mãe me colocou na aula de inglês, eu vou todos os sábados...
Claude:
Muito bom não é?
Matheus:
Mais ou menos, eu gosto mesmo é de jogar futebol.
Claude:
Eu também gosto.
Matheus:
Jura??Falou o menino fascinado.
Claude:
Aham, porque seu pai não gosta?
Matheus:
Não!! Ele não tem muito tempo pra essas coisas... Claude ficou penalizado e
disse...
Claude:
Quer que eu te ensine alguns passes?
Os
olhos de Matheus brilharam de tanta alegria, Claude sorriu e o menino disse...
Matheus:
Você me ensina agora?
Claude:
Claro se seus pais não se importarem eu ensino sim... Disse sorrindo não sabia,
mas algo no sorriso daquele menino fazia o coração dele se encher de alegria.
Matheus:
Não, vão não...
Claude
olhou pro casal e viu que eles não estavam se importando com o filho mesmo.
Claude:
Então me da essa bola ai, vou te ensinar como fazer um elástico.
Matheus:
Verdade??
Claude:
Aham... Claude pegou a bola das mãos de Matheus e fez o tal passe e foi
explicando o que o menino teria que fazer, Matheus se divertiu muito com Claude
fazendo o passe... Agora faz você... Falou Claude parando a bola.
Matheus:
Será que eu consigo?
Claude:
Claro que consegue... Falou Claude incentivando ele a fazer.
O
menino tentou, mas não conseguiu Claude pegou a bola de novo e com toda
paciência o ensinou novamente...
Claude:
Presta atenção, você rola a bola, ao invés de chutar, depois você puxa e ela
volta entendeu... Falava e fazia ao mesmo tempo... Vai!! Tenta de novo... Disse
Claude entregando a bola pro menino.
Matheus
foi mais confiante e pegou a bola e finalmente conseguiu fazer o tal passe, a
alegria estampada nos olhos do menino deixou Claude emocionado.
O
menino corria em volta dele gritando...
Claude:
Viu como não é difícil?
Matheus:
Aham, você sabe mais coisas?
Claude:
Algumas, quando cheguei da França eu não sabia nem chutar uma bola, mas aqui no
Brasil essa paixão pelo futebol é tão contagiante que aprendi algumas coisas.
Matheus:
Você me ensina?
Claude:
Claro, só não pode ser agora.
Matheus:
Por quê?
Claude:
Porque seus pais estão indo embora... Disse Claude olhando o casal que se
levantou de onde estava o francês achou estranho eles nem chamarem pelo filho,
mas Matheus antes que Claude falasse qualquer coisa começou a correr e gritando
de longe ele disse...
Matheus:
Todas as quartas e sextas meus pais me trazem aqui.
Claude:
Ok... Disse Claude rindo do menino que corria atrás do casal... CONTINUA...
RSRSRS...
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